
Introdução:
A cúpula AI for Good 2025 reuniu líderes globais, cientistas, startups e grandes corporações para debater o futuro da IA com impacto social. A União Internacional de Telecomunicações (UIT) e a ONU organizaram o encontro, destacando que a tecnologia pode reduzir desigualdades, acelerar a sustentabilidade e transformar serviços públicos.
Apesar das apresentações inspiradoras, a edição de 2025 também gerou críticas fortes. Diversos especialistas e organizações apontaram censura de temas sensíveis e crescente influência de gigantes corporativos na definição da agenda. Portanto, enquanto os avanços sociais ganharam destaque, surgiu a dúvida: até que ponto o discurso do “bem comum” não reflete interesses privados?
O que é a cúpula AI for Good?
Origem e objetivos
A UIT e a ONU lançaram a AI for Good em 2017 para reunir atores globais e discutir como a inteligência artificial apoia os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). Desde então, o evento cresceu continuamente e se consolidou como um espaço essencial de trocas e inovações. O propósito central sempre envolveu mostrar aplicações práticas em áreas como:
- Saúde pública;
- Educação inclusiva;
- Agricultura sustentável;
- Combate às mudanças climáticas;
- Gestão de cidades inteligentes.
Expansão até 2025
Ao longo dos anos, a cúpula atraiu desde governos até empresas multibilionárias de tecnologia. Em 2025, a conferência contou com mais de 10 mil inscritos de 170 países. Google, Microsoft, OpenAI e Huawei apresentaram suas soluções. Entretanto, o peso dessas corporações despertou preocupações sobre o real equilíbrio do debate.
Avanços sociais apresentados em 2025
Apesar das polêmicas, a cúpula trouxe inovações significativas com potencial de impacto social. Além disso, muitos projetos já funcionam em fase de testes ou implementação. Vamos destacar algumas das iniciativas mais comentadas:
1. Inteligência artificial para saúde
- Algoritmos preveem surtos de doenças em tempo real com base em big data de mobilidade humana.
- Ferramentas de diagnóstico precoce para câncer de mama e de pulmão atingem precisão superior a 90%.
- Projetos de telemedicina utilizam IA em regiões rurais da África e ampliam o acesso à saúde.
2. Educação personalizada
- Plataformas de ensino adaptativo ajustam conteúdos conforme o ritmo do aluno.
- Experiências com realidade aumentada e IA em países em desenvolvimento oferecem aulas de ciências sem laboratórios físicos.
- Além disso, comunidades indígenas no Brasil já adotam tais plataformas, promovendo inclusão digital.

3. Agricultura de precisão
- Drones equipados com IA ajudam agricultores a reduzir o uso de pesticidas.
- Sensores analisam em tempo real o estado do solo e economizam até 30% de água em plantações.
- Dessa forma, pequenos agricultores conseguem competir em mercados antes inacessíveis.
4. Sustentabilidade e mudanças climáticas
- Modelos de previsão climática oferecem mais precisão para mitigar desastres naturais.
- Sistemas inteligentes de gestão de energia em cidades já reduziram 15% no consumo elétrico em testes na Europa.
- Portanto, a IA assume papel crucial na construção de cidades mais resilientes.
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As críticas à AI for Good 2025
Apesar dos avanços, várias vozes questionaram o alcance real do evento. Entre as críticas mais recorrentes, destacam-se:
Censura de temas sensíveis
Pesquisadores relataram que propostas sobre ética da IA, impacto no emprego e vigilância digital receberam pouca atenção ou saíram da agenda. Além disso, discussões sobre sistemas de reconhecimento facial em regimes autoritários praticamente não aconteceram.
Domínio corporativo
O protagonismo das grandes empresas de tecnologia gerou desconforto. Corporações patrocinaram muitos painéis, levantando dúvidas sobre a neutralidade das discussões. Consequentemente, acadêmicos independentes afirmaram que críticas mais duras ao modelo atual de desenvolvimento da IA não tiveram espaço adequado.
Falta de representatividade
Apesar da presença global, organizações da sociedade civil e comunidades marginalizadas receberam pouca visibilidade. Isso contrasta com o objetivo inicial do evento de promover uma IA inclusiva. Portanto, a falta de diversidade se tornou um dos pontos mais criticados.
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O dilema: inovação ou controle?
A edição de 2025 expôs uma tensão central. A inteligência artificial pode gerar benefícios para o bem comum, mas o controle corporativo e a falta de transparência comprometem esse ideal. O dilema se resume em três pontos principais:
- Avanços concretos existem: aplicações em saúde, educação e agricultura mostram resultados positivos.
- Mas a governança se mostra frágil: poucas empresas definem prioridades globais.
- O futuro depende de equilíbrio: regras claras impedem que apenas interesses privados capturem benefícios.
Portanto, o equilíbrio entre inovação e controle precisa entrar urgentemente na pauta internacional.
Cases práticos além do palco
Estudo da UNESCO sobre educação
Um relatório da UNESCO mostrou que plataformas de IA aplicadas na Ásia reduziram a taxa de evasão escolar em 12%. Além disso, os dados sugerem fortalecimento da inclusão digital entre estudantes de baixa renda.
Experiência no Quênia
Um projeto local de IA em telemedicina atendeu mais de 50 mil pacientes em áreas sem médicos disponíveis. Esse exemplo destacou o potencial transformador da tecnologia. Além disso, o modelo pode se replicar em outros países africanos.
Estudo europeu sobre energia
Pesquisadores da Alemanha relataram resultados de um sistema de IA para gerenciamento inteligente de redes elétricas. O estudo mostrou redução de 8% nas emissões de carbono em apenas um ano. Portanto, a tecnologia se apresenta como aliada da transição energética.
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O papel das políticas públicas
Sem regulamentação sólida, os riscos da IA aumentam. A AI for Good 2025 reforçou a importância de marcos regulatórios internacionais, mas o debate permanece incipiente. Entre as propostas discutidas, destacam-se:
- Criação de um conselho global de ética em IA.
- Estabelecimento de regras de transparência para algoritmos usados em serviços públicos.
- Oferecimento de incentivos fiscais para startups que desenvolvem soluções de impacto social.
No entanto, críticos destacaram que tais medidas só terão efeito se houver independência real frente às grandes corporações. Além disso, a cooperação entre países se mostra essencial para resultados efetivos.
Perspectivas para o futuro
A AI for Good 2025 deixou claro que a inteligência artificial possui enorme potencial, mas o futuro depende de escolhas políticas e sociais. Assim, três cenários possíveis se desenham:
- Otimista: governos e sociedade civil equilibram o poder das corporações e garantem uma IA inclusiva.
- Moderado: avanços continuam, mas se concentram em países e empresas ricas, ampliando desigualdades.
- Pessimista: a IA vira instrumento de vigilância e lucro concentrado, com poucos benefícios sociais reais.
Portanto, a construção de um futuro justo exige ação imediata, cooperação global e compromissos firmes.
Conclusão
A cúpula AI for Good 2025 demonstrou o potencial da inteligência artificial para transformar áreas cruciais como saúde, educação e sustentabilidade. Contudo, também evidenciou que o discurso de “IA para o bem” pode se distorcer diante de interesses corporativos e da censura de temas sensíveis.
Para que a promessa se concretize, líderes devem fortalecer a governança internacional, ampliar a representatividade e garantir transparência. Assim, a tecnologia realmente cumprirá sua missão de servir ao bem comum.
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